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Sinta-se à vontade para navegar por aí~
A decisão de sair das redes sociais não foi um impulso recente; há muito tempo cultivo o desejo de viver o mundo real, livre desse entorpecente de dopamina que carrego no meu bolso. Passei anos da minha vida triste e me sentindo sozinho, e as redes sociais eram ferramentas para tentar preencher um vazio do qual eu nunca consegui me livrar. No fim, era só mais um vício.
Não acredito que tudo o que consumimos precise ter um propósito imediato, mas, ao menos, deveria acrescentar algo à nossa existência. A ideia de desperdiçar horas mergulhado em conteúdos dos quais, após cinco minutos, eu sequer irei me lembrar, começou a ecoar na minha mente de forma incômoda.
Eu já costumo me sentir apenas um peão alimentando a engrenagem do sistema capitalista — e confesso que, apesar de repudiá-lo, me vejo sem escapatória; afinal, se não trabalho, não como. Mas, ao me dar conta de que as redes sociais são um território do qual posso, por escolha própria, me retirar, pela primeira vez em muito tempo, me senti autônomo em relação à minha moral.
As redes sociais hoje não são mais como antes; tornaram-se um palco político, onde o suposto direito de expressar opiniões frequentemente se mascara de discurso de ódio e violência. Optar por abandonar um ambiente que já não reflete minha ética e moral é, no mínimo, um gesto catártico de reencontro comigo mesmo.
Desde o dia em que resolvi diminuir esse tempo de tela, tenho redescoberto pequenos prazeres que acabaram por ser soterrados pelo ritmo apressado e imediato das timelines. O silêncio, que antes era incômodo, passou a ter cheiro e textura; o tempo desacelerou, e passou a ter um gosto do qual eu nem me lembrava que existia. Há algo de profundamente humano em observar o mundo sem a urgência de compartilhar cada pensamento para uma plateia invisível.
Claro que não estou aqui para romantizar a solidão ou afastamento social. A ausência de notificações não preenche de imediato as brechas internas, tampouco resolve os dilemas existenciais que permeiam o meu cérebro. Mas existe uma diferença gritante entre escolher o silêncio e ser engolido pelo ruído. Sair desse limbo, pra mim, tem sido exatamente isso: a chance de ouvir, sem interferências, o som do meu próprio corpo.
Sei que esse caminho talvez não seja definitivo, tampouco isento de recaídas. A lógica da hiperconexão é algo voraz, e existem dias que a tentação de mergulhar nesse mar de distrações se faz presente. Mas, por hora, carrego comigo a consciência de que posso escolher. E, quem sabe, eu me reencontre - menos espectador, mais presente.
Sei que, à primeira vista, tudo isso soa como um tema banal, quase que um capricho, diante de problemas mais urgentes do mundo fora do meu quarto. Mas, confesso, tem sido um pensamento persistente que tem se feito cada vez mais presente nos meus devaneios íntimos - talvez porque, no fundo, seja sobre o modo como tenho escolhido estar no mundo.
Breeze Blows - Jamie Paige
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